Incentivo à leitura está na pauta do governo brasileiro
Começou a Bienal do Livro no Rio de Janeiro, com discurso de abertura da presidente Dilma Rousseff, que afirmou pretender criar um grande mercado de leitores no Brasil. O desafio é enorme, e passa também por mudar o perfil da própria Bienal, que nos últimos anos se tornou um shopping de mercantilização da cultura.
No último dia 1º de setembro começou a XV Bienal do Livro, no Rio de Janeiro. A presidenta Dilma fez um discurso animador a respeito do programa de incentivo à leitura que pretende implementar no Brasil. A ideia é que se produzam livros baratos para que maiores camadas da sociedade tenham acesso à leitura, pois é sabido que o Brasil figura entre os países com as taxas mais baixas de leitores do mundo.
Recente pesquisa mostrou que nem mesmo entre o seleto grupo de universitários de instituições públicas do país — aqueles que são os mais bem formados, teoricamente — a leitura é uma rotina. Na Universidade Federal do Maranhão (UFMA), por exemplo, 23,24% dos estudantes não leem um livro sequer durante o ano. Na média nacional, o universitário brasileiro não fica muito melhor que isso: lê de um a quatro livros por ano. Imagina como fica esse quadro na outra ponta, ou seja, entre aquela maioria de cidadãos brasileiros que não tem acesso a uma formação educacional adequada...
Pra começar, deveriam mudar o formato desta Bienal do Livro. Ao longo dos anos, esse evento se tornou elitista, sediado num bairro nobre e distante do centro da cidade, dominado pelo marketing das grandes editoras, que ainda cobram ingresso para vender livros. O sociólogo e cientista político Emir Sader traça um cenário que ilustra perfeitamente o quanto a Bienal está deslocada da realidade do povo:
“Dá pena daquelas famílias pobres que vão de longe até o Riocentro, pagam transporte para toda a família, entrada para todos, algo de comer, pegam montões de publicidade, de brindes gratuitos, saem cheios de sacolas, mas sem nem um livro”.
É preciso romper com esta lógica, se quisermos realmente popularizar o acesso do grande público à leitura.
Uma das formas de uma nação em desenvolvimento cortar os laços de dependência com os grandes centros econômicos é através do incentivo ao setor nacional de ciência e tecnologia. A China já aprendeu isso, bem como os países conhecidos como “tigres asiáticos”, que tiveram no incentivo à Educação a mola propulsora de suas economias. Se o Brasil não seguir este exemplo, seu salto desenvolvimentista dos últimos anos não passará de um “voo de galinha” e então voltaremos a sofrer com os nossos males históricos, frutos, em grande medida, do despreparo da nossa população, em grande maioria malformada e semi-analfabeta.
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