Ricardo Sérgio de Oliveira mostra aos tucanos como lavar dinheiro sujo

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Dando sequência no relato de enriquecimento ilícito, propinas, corrupção e entrega do patrimônio público baseado no livro A Privataria Tucana, de Amaury Ribeiro Jr, vamos agora mostrar como foi montado todo o esquema, que envolvia a abertura de empresas em paraísos fiscais para trazer dinheiro lavado do exterior. Também vamos mostrar quem era o homem forte das privatizações no governo do PSDB que montou o esquema da lavagem de dinheiro: o ex-tesoureiro das campanhas a presidente de Fernando Henrique Cardoso e José Serra, Ricardo Sérgio de Oliveira (imagem acima).

 

Corrupção, propinas e lavagem de dinheiro

 
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Um paraíso fiscal é atrativo porque tem poucas taxas e poucos impostos, mas o principal motivo que as pessoas têm para depositar dinheiro em lugares como esse, é o anonimato garantido. Lá, as empresas têm o tamanho de uma mera caixa postal, e as contas em bancos não identificam os donos a não ser por uma série de números. É o lugar preferido para a lavagem de dinheiro sujo. Para isso, basta abrir uma empresa de fachada, conhecida como offshore, cuja finalidade é movimentar o dinheiro do narcotráfico, da corrupção, de propinas, etc sem que se descubra sua origem.
 
O modus operandi dos fraudadores e corruptos consiste em abrir uma offshore num desses paraísos fiscais, para receberem depósitos com procedência desconhecida. Então abrem outra empresa no Brasil, que vai receber o dinheiro vindo da offshore, disfarçado como “investimento” de uma empresa estrangeira em outra nacional. Curiosamente, o que acontece com frequência é uma mesma pessoa assinar nas duas pontas do negócio: como procuradora da empresa estrangeira e como dona da empresa nacional que vai receber o “investimento”. Fraude na certa. Essa processo é apenas e tão somente o retorno, devidamente lavado, do dinheiro sujo da corrupção, que estava hibernando no paraíso fiscal.
 

Ricardo Sergio de Oliveira, tesoureiro do PSDB, inventa o esquema

“Na hora que der merda, estamos juntos desde o início”
Ricardo Sergio de Oliveira a Mendonça de Barros
 
Desde que começaram as investigações, o jornalista Amaury Ribeiro notou que muitos tucanos e seus parentes usaram o mesmíssimo método narrado anteriormente. Quem mostrou a eles o caminho das pedras foi o ex-tesoureiro das campanhas de Serra e FHC, Ricardo Sergio de Oliveira.
 
 
Localizada no paraíso fiscal das Ilhas Virgens Britânicas, o Citco Building é o escritório encarregado de lavar dinheiro sujo através das offshores. Esta instituição ajudou muitos tucanos e seus familiares a repatriar propinas das privatizações. Dentre eles, Verônica Serra, filha de José Serra; seu marido Alexandre Bourgeois; Gregório Marín Preciado, casado com uma prima de Serra; o próprio tesoureiro do PSBD e outro figurões do partido, conforme veremos no último post dessa série. Amaury Ribeiro relata:
Todos mandaram dinheiro para o mesmo escritório [o Citco Building]. A grande maioria enriqueceu pós-privataria... Uma década depois da avalanche privatista, são proprietários de empresas no Brasil e no exterior, possuem gordas contas bancárias, moram em mansões e são donos de terras.
Como colegas do Citco das Ilhas Virgens, este distinto grupo da alta sociedade de tucanos paulistas tem outras pessoas, digamos, “menos distintas”, como João Arcanjo Ribeiro, chefão do crime organizado do Mato Grosso; o traficante Fernandinho Beira-Mar e o corrupto presidente da CBF, Ricardo Teixeira. Todos eles colegas de escritório.
 
Ricardo Sergio foi o grande arquiteto dos consórcios que disputaram o controle das empresas estatais que foram privatizadas no governo FHC. Foi indicado em 1995 por José Serra para dirigir a área internacional do  Banco do Brasil (BB), o que facilitou o seu trânsito em meio às maiores fortunas do país. Do seu gabinete ele articulava a participação do banco e dos fundos públicos em consórcios privados dos amigos. Ou seja, “dinheiro público financiava a alienação de empresas públicas”. Depois de vencidos os leilões, as empresas vencedoras expressavam sua gratidão através de propinas e de financiamento das campanhas eleitorais do PSBD. E aí que entravam as offshores.
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Dois pequenos exemplos ajudam a ilustrar essa promiscuidade:
 

Propina para vender a Vale

 
Em 1997 o empresário Benjamin Steinbruch, diretor do grupo Vincunha, arrematou a Vale por 3,3 bilhões. A empresa foi privatizada de forma criminosa: atribuiu-se valor zero às suas imensas reservas de minério de ferro, capazes de suprir a demanda mundial por 400 anos. O consórcio de Steinbruch contava com o aporte de dinheiro da Previ, fundo de pensão dos funcionários do BB. A influência de Ricardo Sergio foi fundamental, e sem a sua ajuda, o consórcio não venceria. Qual foi o custo dessa mãozinha amiga? Segundo o próprio Steinbruch, “R$ 15 milhões em propinas em nome de tucanos”.
 
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Propina para vender a Telebrás

 
Em 1998, o megaempresário Carlos Jereissati (imagem acima), irmão do ex-senador tucano Tasso Jereissati (PSDB-CE) venceu o leilão de privatização da Telebrás. Através do consórcio Telemar, ele adquiriu a Tele Norte Leste. Por conta disso, Ricardo Sergio recebeu propina de Carlos Jereissati através da Infinity Trading, com sede nas Ilhas Cayman, de propriedade de Jereissati, que depositou US$ 410 mil em favor da Franton Interprises, de Ricardo Sergio, no MTB Bank.
 
No próximo e último post, vamos ver como a sujeira, a corrupção e a lavagem de dinheiro vai chegando cada vez mais perto do ex-governador paulista e ex-candidato a presidente do Brasil, José Serra, através dos seus familiares.

  1. A Privataria Tucana, maior escândalo de corrupção da história brasileira (1/3).

  2. A lavagem de dinheiro e a corrupção chegam em José Serra (3/3)





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