“Mensalão” do PT: relembrando o caso (parte1/3)

No próximo dia 2 de agosto começa o esperado julgamento do suposto esquema de corrupção no governo Lula que ficou conhecido como “mensalão”. Para aqueles que ainda duvidavam que o PT já não era mais o partido que dizia ser, o chamado “mensalão” foi um choque de realidade em suas cabeças. Estava ali desnudado por um dos próprios participantes o gigantesco esquema de corrupção na política somente superado pelo processo de privatizações do PSDB de alguns anos antes. Com base no livro O Operador, de Lucas Figueiredo, vamos relembrar em três partes alguns momentos deste vergonhoso evento, nas vésperas do julgamento no STF de alguns dos envolvidos.

Correios: a estatal cobiçada pelos corruptos

Com um faturamento de quase 9 bilhões de Reais em 2005, os Correios eram uma das estatais mais cobiçadas por fornecedores. Mas também por políticos e por partidos ávidos por nomeações nos diversos setores da empresa. Assim que chegou ao poder, o PT fez exatamente como seus antecessores: premiou os aliados com indicações em diversas estatais — dentre elas, os Correios. Ao PMDB entregou a presidência; o PTB levou a diretoria administrativa; e para si, o PT reservou a melhor parte: o setor de tecnologia. Por indicação do PTB, em junho de 2004, Maurício Marinho assumiu o Departamento de Compras e Contratações (Decam).

A gravação que desencadeou a crise

mauricio_marinho Artur Wascheck Neto era um empresário que disputava licitações para fornecer desde botas até cofres, jaquetas e capas de chuva para o governo. Sentindo-se prejudicado nos Correios, contratou arapongas para gravar um vídeo em que Maurício Marinho aparece recebendo propinas e denunciando sem saber o grande esquema de corrupção envolvendo o PTB (imagem), sob as bênçãos de Roberto Jefferson.
Roberto_Jefferson_PTB O então deputado federal Roberto Jefferson era um destes novos aliados petistas de última hora. Para chegar ao poder, o PT teve que mudar, e quem dirigiu a mudança foi José Dirceu. Em 1995 ele expulsou do partido as alas esquerdistas (alguns saíram por livre e espontânea vontade, como os ex-petistas históricos Plínio de Arruda Sampaio e Hélio Bicudo). Outra mudança: se nas eleições anteriores o PT se aliou com os partidos de esquerda, em 2002 esse critério foi para o espaço. O PT resolveu jogar seu passado no lixo e se alinhar com a direita através do PL e do PTB. O apoio destes partidos ao governo Lula não se deu por afinidades ideológicas — muito longe disso — e sim por dinheiro, muito dinheiro. Somente ao PTB, o apoio custou ao PT 20 milhões de reais. O apoio do PL custou mais 10 milhões. Além disso, só ao “marqueteiro” da campanha, Duda Mendonça, o PT devia outros 25 milhões. O partido não tinha todo esse dinheiro. Como iria resolver? Aí que entra a figura de Marcos Valério...
Continua...

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Fonte: FIGUEIREDO, Lucas. O Operador – Como (e a mando de quem) Marcos Valério irrigou os cofres do PSDB e do PT. Ed. Record: Rio de Janeiro, 2006.
Parte 2 “Mensalão” do PT: relembrando o caso (parte2/3)
Parte 3 “Mensalão” do PT: relembrando o caso (parte 3/3)




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