2016 terá PIB negativo. O que o governo Dilma deve fazer?
O Brasil se encontra em recessão. Isso é notório, pois os resultados da má administração da macroeconomia nos últimos anos podem ser sentidos no bolso do trabalhador, com a carestia e a ameaça de desemprego rondando a cada mês. No entanto, se a expectativa era de um 2016 melhor, como acreditavam os analistas internacionais, agora a realidade nos mostra que a crise ainda está só começando.
Em documento enviado ontem à Comissão Mista do Orçamento (CMO) do Congresso Nacional, o governo admitiu que a previsão do PIB para o ano que vem, que era de 0,2%, agora foi corrigido para -1,9%.
Como se não bastasse, os números da inflação também foram revistos – e para pior – com base no Índice de Preços para o Consumidor Amplo. Antes na casa dos 5,4%, agora 6,47%. Crescimento negativo, com risco de desemprego, desinvestimento na área produtiva, inflação acima do índice, ou seja, o cenário mais temido em qualquer governo. Ainda mais um que já padece com baixíssimos índices de popularidade, o que, juntando tudo numa mesma conjuntura, pode gerar problemas sérios para a estabilidade de Dilma Rousseff no poder ano que vem.
Mas então, é esse o resultado, a médio prazo, das políticas de corte e austeridade do governo?
Sim, o resultado é esse, a cartilha neoliberal em sua essência, que propõe ajustes onde o peso do sacrifício e do sofrimento recai sobre a classe trabalhadora, para aliviar os de cima, os ricos, empresários, os rentistas, o setor financeiro...
Ao contrário de Lula e de seu então ministro da Fazenda, Guido Mantega, que optaram por enfrentar o auge da crise mundial com incentivos aos empreendedores e investimentos na área produtiva, mantendo a economia em movimento, Dilma e Joaquim Levy aplicam exatamente o que os candidatos tucanos propunham naquela ocasião: corte de gastos, aumento de juros, e etc. o que paralisa o setor e cria o clima de medo e recessão que só piora a situação em vez de solucionar.
A saída da crise só pode ser na contramão da cartilha neoliberal, ou seja, pela esquerda, e propostas não faltam. Já no começo do ano, por exemplo, o PSOL apresentou sugestões que o governo deveria levar a cabo para, primeiro, tirar o país do buraco, e segundo, recuperar um pouco da popularidade nos setores que foram cruciais para a sua eleição, e para os quais a Dilma virou as costas no primeiro minuto após a confirmação de sua eleição.
Dentre algumas propostas, está a revogação das MPs 664/2014 e 665/2014 que retiram direitos dos trabalhadores; redução da jornada de trabalho para 40 horas semanais, sem redução de salário; luta para barrar o aumento das tarifas de transporte público e implementação do passe-livre nacional; aprovação de uma reforma política de verdade que amplie radicalmente a participação e o controle social e popular sobre as instituições públicas; punição de todos os envolvidos no esquema investigado pela Operação Lava Jato e revogação da reforma da Presidência, aprovada no primeiro ano do governo Lula; a taxação das grandes fortunas e (eu acrescentaria) a auditoria da dívida pública.
Leia na íntegra a Carta de Brasília com as propostas do PSOL |
Talvez Dilma Rousseff saiba que precisa mudar de rumo na área econômica. O que lhe falta é autonomia e coragem para colocar as mudanças em prática. O resultado dessa fraqueza pode custar caro ano que quem, com o aprofundamento da crise. Dilma será pega na armadilha que a própria oposição criou e que ela entrou de livre e espontânea vontade.
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